Ter só uma mala de mão pode te fazer mais feliz.
- Si Joga no Mundo
- 25 de jun. de 2020
- 2 min de leitura
Depois de 5 meses na Polônia, havia chegado a hora de me despedir. Meu coração estava quebrado. Meu apartamento, alugado pelo airbnb, já tinha muito do meu "eu" nele. A cozinha com a vista dos prédios a frente fariam falta, o ar gelado que entrava pelo canto da porta também..
Empacotei todas as minhas roupas. Não coube tudo - é lógico. Havia encontrado uma loja perto do meu apartamento que havia comprado muita coisa porque era barato. Enfiei tudo o que dava dentro da mochila das costas e mais duas pequenas. Uma loucura.
Fechei a porta do meu apartamento, desci os dois andares de escadas, atravessei a rua e já estava toda suada - isto eram 22 horas. Ao entrar no meu ônibus, tudo caiu - é lógico: 1 mochila de mochilão, 2 mochilas menores, 1 travesseiro e uma sacola com comida.
As pessoas do ônibus me olhavam com cara de pena - e eu mesma estava com pena de mim e de tudo aquilo. Desci do ônibus, em direção a rodoviária, e entrei na sala de espera para esperar meu ônibus para a Croácia. Ainda tinha 1 hora e meia.
Abri a mala e tirei tudo. Comecei a selecionar o que seria necessário e o que não seria. Deixei para trás coisas que nunca tinha pensado em deixar: um perfume que minha mãe me deu, o guarda chuva (estragado) da minha vó - que era o último que ela havia tido antes de falecer, blusas favoritas...

Nisso uma menina da Ucrânia pediu se poderia ficar com algumas coisas com um sorriso animador que aqueceu meu coração. Entrei dentro do ônibus com menos coisas - acredito que uns 2 kg a menos. Minhas costas estavam rochas e cortadas de tanto peso. Naquele momento cheguei a chorar e me perguntar "por que estou levando tantas coisas?".
Adormeci no meio das minhas lágrimas... Ao acordar, estava na Áustria. Ao colocar a minha mochila na costas ela rasgou. Naquele momento tive vontade de abandonar tudo ali e ir sem aquele peso. Já era final da minha viagem e não tinha tanto dinheiro para gastar em uma mala...
Decidi que iria comprar no próximo destino, na Croácia. Ao chegar na rodoviária, andei por 45 minutos até encontrar uma loja de malas. O sol batia 40º graus e juro que foi um dos piores momentos e melhores da minha vida.
No meio do shopping, abri a mala e precisei trocar todos os itens de uma para a outra mala. Ali deixei várias coisas que nem me lembro o que eram. Dali segui para a Bósnia, Eslovênia, Itália e Turquia e em todos os lugares, obtive ajuda para transportar meus itens..
Mas, após estar no Brasil, vi que trouxe um monte de itens que não estou usando e nem vou... E percebi que mais uma vez, minha ganância me fez sofrer por dias com malas pesadas, dores nas costas por causa de um bem material.
Qualidade de vida nem sempre significa ter mais coisas. Ter itens não significa que sejam sempre necessários. Abrir mão de coisas, pessoas e situações deixa vida mais leve e livre. Desapegar faz bem para a alma - e estou tentando adotar para minha vida!
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